Em carta, 15 governadores pedem ação da diplomacia para compra de vacinas

O objetivo é que o Brasil encontre uma solução para importar o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), para a produção das vacinas contra a covid-19

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Uma carta assinada por 15 governadores remetida hoje ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), pede que o Governo Federal acione a diplomacia brasileira para abrir diálogo com a China e a Índia. O objetivo é que o Brasil encontre uma solução para importar o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), para a produção da vacina CoronaVac, e para que os 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford sejam enviados ao país, no combate à covid-19.

A carta remetida a Bolsonaro é assinada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), presidente do Consórcio Nordeste e coordenador da temática Estratégia para vacina contra a covid-19 no Fórum de Governadores.

“Solicitamos a essa presidência que seja avaliada a possibilidade de estabelecimento de diálogo diplomático com os governos dos países provedores dos referidos insumos, sobretudo a China e Índia, de modo assegurar a continuidade do processo de imunização no país”, diz o texto, destacando “a relevância do pleito ora apresentado para o sucesso da estratégia nacional de vacinação.”

O documento também é endossado pelos governadores dos estados de: Alagoas, Renan Filho (MDB), do Amapá, Waldez Góes (PDT), do Ceará, Camilo Santana (PT), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Pará, Helder Barbalho (MDB), da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de São Paulo, João Doria (PSDB), e de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD).

O governador do Piauí afirmou que a carta é um apelo dos governadores de todas as regiões para que o Brasil receba o IFA e produza a quantidade suficiente para garantir a vacinação no país. Dias destaca que pretende conseguir apoio de autoridades do Congresso Nacional, Poder Judiciário e ex-presidentes do Brasil, fortalecendo o pedido a Bolsonaro.

“Independentemente de partidos, estamos juntos e pedimos para que o presidente da república Jair Bolsonaro, diretamente com a diplomacia brasileira, possa abrir esse diálogo, que deve contar com a presença de também de líderes do Congresso Nacional, do Judiciário, de ex-presidentes e quem possa ajudar. Neste instante, é colocar as diferenças de lado e pensar primeiro em salvar vidas no Brasil para que tenhamos a garantia do cronograma acertado para entrega do IFA para garantir vacinas, tanto do Butantan, da Fiocruz e da União Química, produzidas no Brasil a partir deste entendimento”, ressaltou o petista.

O governador ressaltou ainda que a abertura do diálogo entre Brasil, China e Índia é importante para que o IFA seja enviado de acordo com o cronograma estabelecido para que não haja problemas na campanha no país. “Assim como recebemos as doses para este início que comemoramos, precisamos garantir vacinas para os meses de fevereiro, março, abril, maio, até imunizar todos os brasileiros”, afirmou Wellington Dias.

Conversa com a Embaixada da China

O governador de São Paulo, João Doria, disse hoje que o escritório comercial do governo paulista em Xangai está negociando com a China a liberação de insumos para a produção da CoronaVac no Brasil. Horas depois, o governo federal afirmou que é o único em negociação com a China.

A Embaixada da China divulgou que o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, se reuniu, por meio de teleconferência, com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre a importação do IFA para produção da vacina no Brasil. Hoje, o deputado federal e presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), também se reuniu com o embaixador da China.

A vacinação teve início no último domingo (17), mas foi dividida em três etapas porque não há doses suficientes para imunizar a população. Na primeira etapa, a prioridade é vacinar profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate à covid-19, índios aldeados e idosos e deficientes que vivem em instituições. Foram distribuídas 6 milhões de doses da Coronavac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Entretanto, são necessárias 31,1 milhões de doses para atender a todos deste grupo.

O Ministério da Saúde estima que a vacinação durará o período de 12 meses, a contar do início da primeira fase, para que haja vacinação de brasileiros fora dos grupos prioritários. Mas, o cronograma dependerá do envio do IFA para o Brasil.

*Com informações do UOL*