Milton Ribeiro é preso por corrupção passiva em operação da PF

O estado do Amazonas tem cinco cidades favorecidas no escândalo que resultou na prisão do pastor e ex-ministro da Educação.

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quarta-feira (22) o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC).

Gilmar Santos e Arilton Moura também são alvos da operação deflagrada pela PF e são peças chave no processo. Eles são investigados por atuar informalmente junto a prefeitos para a liberação de recursos do Ministério da Educação.

Em áudio divulgado em março, Ribeiro afirma que o presidente Jair Bolsonaro pediu a ele que os municípios indicados pelos dois pastores recebessem prioridade na liberação de recursos. Prefeitos disseram em depoimento que eles exigiram propina.

Amazonas está entre favorecidos

Parintins, Autazes, Manacapuru, Canutama e Tapauá são cidades amazonenses que teriam sido favorecidas no suposto balcão político comandado pelo ministro da Educação (MEC), Milton Ribeiro, a pedido do presidente Bolsonaro.

As cidades amazonenses aparecem com 71 projetos. A denúncia diz que das 20 cidades com maior número de obras empenhadas, 6 são do Amazonas.

Dos supostos beneficiados do Amazonas, Parintins aparece com 25 projetos. Depois, vem Autazes com 12. Manacapuru, em terceiro com 12 projetos também. Canutana, 11. Tapauá também 11.

Até a última atualização desta reportagem ainda não havia confirmação da prisão dos pastores Santos e Moura.

Investigação

A PF investiga Ribeiro por suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e a atuação informal deles na liberação de recursos do ministério. Há suspeita de cobrança de propina. O inquérito foi aberto após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar, em março, a existência de um “gabinete paralelo” dentro do MEC controlado pelos pastores.

Dias depois, o jornal “Folha de S.Paulo” divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse o ministro no áudio.

“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, complementou Ribeiro.

Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação.

Em depoimento à PF no final de março, Ribeiro confirmou que recebeu o pastor Gilmar à pedido o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ele negou que tenha ocorrido qualquer tipo favorecimento. Registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam dezenas de acessos dos dois pastores a gabinetes do Palácio do Planalto.

Em vídeo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que botava “a cara no fogo” por Ribeiro e que as denúncias contra o ex-ministro eram “covardia”.

Já nesta quarta, questionado sobre a prisão do ex-ministro pela PF, Bolsonaro afirmou que Ribeiro é quem deve responder por eventuais irregularidades à frente do MEC.

“Ele responde pelos atos dele”, afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia. O presidente disse ainda que “se a PF prendeu, tem motivo”.