Velório de Maradona: polícia usa bomba de gás e entra em confronto com fãs

Torcedores invadiram o local na tentativa de se despedirem do ídolo argentino

Foto: Alejandro Pagni/AFP

Policiais e fãs de Diego Maradona entraram em confronto nas imediações da Casa Rosada, sede do governo em Buenos Aires, onde acontece o velório do corpo do ex-jogador, que morreu ontem aos 60 anos. Torcedores invadiram o local na tentativa de se despedirem do ídolo argentino.

De acordo com informações da emissora Canal 5 Noticias, os policiais atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar as pessoas. A polícia ainda usou hidrantes para jogar água nos torcedores, enquanto alguns fãs arremessaram garrafas e latas nos policiais.

A polícia chegou a fechar a entrada da Casa Rosada e impediu que os torcedores que aguardavam na fila entrassem no local do velório. O acesso ficou fechado por cerca de 15 minutos e depois reabriu. Na sequência, alguns torcedores invadiram a sede do governo em Buenos Aires. Os policiais precisaram usar escudos para bloquear o acesso e impedir novas invasões.

As grades de proteção que formaram a fila do velório foram atiradas para os lados. O tempo de espera na fila chegou a cinco horas. Ao chegarem na frente do caixão, as pessoas só permaneciam por 10 segundos.

O presidente argentino, Alberto Fernández, convenceu a família de Maradona a estender o velório para além das 16h, horário que estava marcado para terminar a cerimônia. Agora, o velório vai até 19h (de Brasília).

Este é o segundo confronto do dia durante o velório de Maradona. No início da manhã de hoje, a Plaza de Mayo, que fica em frente à Casa Rosada, foi palco de empurra-empurra, protestos e aglomeração sem máscara.

Imagens registradas pela Teleamazonas (assista abaixo) mostraram parte do confronto, que se deu após alguns torcedores invadirem uma área bloqueada pela polícia local.

O saldo final da primeira confusão foi de uma pessoa ferida, segundo o jornal argentino Olé. O tumulto foi controlado depois de alguns minutos, e o velório seguiu tranquilamente até o novo tumulto por volta das 14h15 (horário de Brasília).

Cantos e visita presidencial

Após a primeira confusão, os torcedores cantaram adaptando uma música de arquibancada para homenagear o camisa 10. “Diego é um sentimento que não consigo explicar”, cantaram os fãs de Maradona. A torcida também não perdeu a chance de ironizar Pelé, o maior rival do craque argentino. “Maradona é maior do que Pelé” foi outra música bastante ouvida nos arredores da Casa Rosada.

O presidente Alberto Fernández ainda apareceu para prestar tributo por volta das 11h26. Usando máscara de proteção contra o coronavírus, Fernández acenou e chegou a tirar fotos com alguns torcedores que se aglomeravam em uma área determinada pelas autoridades.

Já dentro do salão da cerimônia, o presidente se emocionou e colocou uma camisa do Argentinos Juniors, primeiro time profissional de Maradona, sobre o caixão do argentino.

Antes de Fernández colocar a camisa do Argentinos Juniors, o caixão do ex-jogador já estava coberto com uma bandeira da Argentina e duas camisas: uma do Boca Juniors, clube onde ele é ídolo, e uma da seleção nacional. Ao pé do caixão, os torcedores atiraram camisas, bandeiras e flores para Maradona.

A realização da cerimônia na Casa Rosada é considerada uma grande honraria na Argentina. A última personalidade a ser velada no local foi o ex-presidente Néstor Kirchner, em 2010.

Enterro

O corpo de Maradona será enterrado ainda hoje no cemitério Jardim da Paz, situado na periferia de Buenos Aires. O local fica no bairro de Bella Vista e é o mesmo onde estão enterrados os corpos dos pais do ex-jogador.

A família decidiu mudar a data do sepultamento – que poderia acontecer no fim da semana – nesta manhã.

Morte

Maradona morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória em sua residência, em Tigre, cidade vizinha de Buenos Aires. O laudo preliminar da autópsia realizada ontem (25) apontou um quadro de insuficiência cardíaca aguda. A análise definitiva será divulgada em até 48 horas.

A saúde do craque argentino já estava precária desde o início do mês, quando ele foi operado de um hematoma subdural e depois, por decisão familiar e médica, permaneceu hospitalizado devido a uma “baixa anímica, anemia e desidratação” e um quadro de abstinência devido ao vício em álcool.

O ex-jogador chegou a ter alta há duas semanas e passou seus últimos dias em casa, acompanhado de enfermeiras 24 horas por dia.

Antes dos problemas de saúde, o campeão mundial trabalhava como técnico do Gimnasia y Esgrima, de La Plata.

Com informações do UOL*