A audiência do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Viação e Transporte, foi marcada por bate-boca.
Após ouvir críticas dos deputados Rodrigo Agostinho (PSB-SP) e Paulo Guedes (PT-BA), Salles ironizou Guedes dizendo que o ministro homônimo era competente e cada um tinha o Paulo Guedes que merecia e chamou Agostinho de “ambientalista de palanque”.
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Enquanto Salles se referia ao deputado Paulo Guedes, o parlamentar gritou ao fundo: “Deixa de ser moleque”.
Salles disse que não ofendeu ninguém e continuou, desta vez em relação a Agostinho, afirmando que ele, enquanto prefeito de Bauru, deixou uma dívida de R$ 33 milhões por desrespeito às regras ambientais. “Antes de falar do legado do meio ambiente, cuide de lá do seu município de Bauru que tem muitos problemas”, declarou.
Agostinho retrucou: “Tome vergonha na sua cara”. Salles, então, chamou o deputado de “ambientalista de palanque”.
Muitos parlamentares passaram a chamar Salles de moleque e os governistas pediram que cortassem as falas dos deputados da oposição.
Interrupção
Antes, deputados governistas se mobilizaram para blindar Salles. A deputada federal Vivi Reis (PSol-AP) falou sobre uma das viagens do ministro ao Pará, onde posou para fotos com madeiras apreendidas, e foi interrompida pela tropa de choque do governo.
“Boa tarde a todos e todas, eu sou a Vivi Reis, deputada federal do PSol no Pará, estado esse que o ministro frequentemente visita para fazer negociações com os madeireiros, com garimpeiros, com grandes empresários. Em abril deste ano, a Polícia Federal apreendeu 200 mil metros cúbicos… de madeira”, falava a parlamentar, quando foi interrompida.
“Pela ordem, está fora da pauta, presidente [Carla Zambelli]”, disse o deputado Nelson Barbudo (PSL-MT). “A senhora quer agredir o ministro, vá a outra reunião”, acrescentou.
O deputado Éder Mauro (PSD-PA) endossou o coro: “A senhora deputada Vivi, do PSol do Pará, está fugindo completamente da pauta que está sendo tratada”.
“Trinta segundos eu falei, como Vossa Excelência diz que estou fugindo do objeto?”, retrucou a deputada do PSol.
Zambelli pediu que Vivi Reis se restringisse ao tema e que “nenhum deputado poderá se referir de forma descortês ou injuriosa a membro do Poder Legislativo ou autoridade constituída a este ou demais poderes da República”
Vivi disse que nem havia começado a falar. Salles, então, reclamou: “A senhora fez insinuações à minha pessoa que não são verdadeiras”. A deputada questionou a relação do ministro com madeireiros e finalizou: “A boiada não vai passar, ministro”.
Madeira ilegal
O ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, apresentou notícia-crime contra Salles ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta atuação do ministro para obstruir a investigação que resultou na apreensão de madeira ilegal, como parte da Operação Handroanthus.
Segundo Saraiva, o ministro teria praticado três delitos: dificultar a ação fiscalizadora do poder público no meio ambiente; exercer advocacia administrativa; e integrar organização criminosa. Saraiva foi removido do cargo por causa da denúncia.
*Com informações do Metrópoles*