A Mari não era de desconfiar, diz amiga de jovem morta após aceitar ajuda

Foto: Divulgação

“Não vou deixar a Mariana ser mais uma, nem que seja a última coisa que eu faço”, relatou a universitária Heloísa Passarello, a última pessoa a ver Mariana Bazza, de 19 anos, antes de ser morta. A jovem sumiu na terça-feira 24 após aceitar a ajuda de um homem desconhecido para trocar o pneu de seu carro, em Bariri, interior de São Paulo, quando saía de uma academia. Ela foi encontrada morta em uma área de canavial em Ibatinga, uma cidade próxima, um dia depois.

Heloísa, também moradora de Bariri, deu detalhes do momento da abordagem pelo suspeito, Rodrigo Pereira Alves, de 37 anos – que já foi preso e confessou o crime -, e relatou a angústia do que considera o pior dia de sua vida.

“Nos conhecemos quando crianças, mas a nossa amizade começou mesmo no primeiro ano do Ensino Médio. Fazíamos tudo juntas. A nossa parte favorita era ir ao lago da cidade, ouvir música e conversar. Conversávamos sobre tudo. Não tinha como ficar quieta perto da Mari. Nos separamos um pouco quando escolhemos fazer diferentes faculdades, mas a nossa amizade nunca acabou.

Íamos sempre à academia pela manhã. Nos encontrávamos lá porque cada uma morava em uma ponta da cidade. No último treino juntas, eu cheguei um pouco atrasada. Não tínhamos uma rotina. Naquele dia, fizemos flexões, agachamentos, levantamentos com a barra e pulamos corda. Todas as manhãs eram muito divertidas ao lado dela. No alongamento depois do treino, ela apontou para a minha blusa manchada de desodorante, que parecia suor, e fez um gesto de fedido. Ela a cheirou e também fez cara feia. A Mari me divertia muito.

Saímos da academia e eu ia direto para o serviço. Ela me disse que levaria um recibo à prefeitura e, depois, iria para casa. Quando ela entrou no carro e eu subi na minha moto, um homem do outro lado da avenida começou a gritar que o pneu do carro dela estava furado. Nós paramos e descemos para ver. O pneu realmente estava furado, mas ainda não estava muito murcho. Não estava vazio, sabe? Daria para ter ido embora.

O homem ficou insistindo dizendo que o pneu ia estragar por causa da distância que ela teria que percorrer. A Mari era uma pessoa que pedia a opinião do pai para tudo, então ela ligou para ele. Enquanto eu estava com ela, ele não atendeu. Ele ligou de volta uns 10 minutos depois e mandou ela ir ao borracheiro. A Mari contou que tinha um moço querendo trocar o pneu para ela e, mesmo assim, o pai falou para ela deixar e ir até o posto depois.

Fui trabalhar porque achei que ia ficar tudo bem. Também não desconfiei do homem de primeira, quando ele gritou para alertar sobre o pneu furado, mas achei estranho aquela insistência. Eu pedi para que ela fosse embora. A Mari não era de desconfiar, ela era uma pessoa muito boa. Ela chegou a me mandar uma foto do homem trocando o pneu do veículo. Eu só desconfiei que tinha algo de errado um tempo depois, quando já estava no trabalho. Ela parou de me responder as mensagens e não atendeu nenhuma ligação.

Saí do trabalho às 10h15 e fui ao borracheiro. Achei que ia encontrar a Mari lá. Quando parei para analisar a foto que ela me mandou, eu tive certeza que não tinha sido na calçada — e lembrei da chácara do outro lado da rua, onde o homem disse que trabalhava como caseiro. Então eu corri para a academia para que eles puxassem as filmagens da câmera de segurança. O carro dela saiu da chácara no mesmo horário em que eu saí do trabalho. Se eu tivesse saído quinze minutos mais cedo e ido direto para a avenida, teria visto ele saindo de lá.

 

*Com informações da Veja.Com*