Um edifício residencial de sete andares desabou em Fortaleza (Ceará) por volta das 10h30 desta terça-feira (15) . Ao menos uma pessoa morreu no desabamento do prédio, que fica no bairro Dionísio Torres, na área nobre da cidade.
O Corpo de Bombeiros do Ceará chegou a confirmar duas mortes, mas as autoridades só contabilizam oficialmente um óbito. Oito pessoas foram resgatadas com vida e levadas ao Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), o maior para trauma da região.
As autoridades estimam que mais uma dezena de pessoas ainda esteja sob os escombros. Os bombeiros já localizaram duas delas e trabalham no resgate. O edifício tinha 13 apartamentos, todos ocupados
“Moro aqui perto e ouvi um barulho muito forte. Quando fui na janela, vi muita fumaça e pensei até que era incêndio. Mas não tinha fogo. Um amigo e a filha dele moram lá. Tenho fé em Deus que eles vão sair com vida”, conta a dona de casa Elaine Rabelo. O IJF já recebeu pelo menos duas mulheres sem identificação, vítimas do desabamento.
Uma delas está inconsciente. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informa, em nota, que toda a estrutura dos órgãos de segurança foi direcionada para o bairro Dionísio Torres. Testemunhas e vizinhos afirmam que viram pessoas dentro do prédio no momento do desabamento e que algumas saíram correndo de dentro do condomínio logo após ouvirem um barulho forte.
Ao menos onze ambulâncias estão no local para atender os feridos desde o fim da manhã. “A gente tem aqui três equipes do Corpo de Bombeiros atuando e trabalhando coordenadamente no local”, afirmou ao portal G1 o tenente Romário.
Duas equipes da Defesa Civil também atuam na zona. Está sendo feita uma varredura sonora na região para tentar localizar as vítimas. Neste momento, bombeiros conversam com duas pessoas soterradas. Elas já foram localizadas nos escombros. A Perícia Forense já está no local para trabalhar na retirada de eventuais cadáveres.
O Corpo de Bombeiros, que também atua com a ajuda de cães farejadores, orientou que todos os moradores da região deixem suas residências porque ainda há risco de explosões por conta de um vazamento de gás e também de choque elétrico, já que com o desmoronamento atingiu a fiação. Várias ruas do entorno também estão bloqueadas.
Moradores da região se mobilizam, compram água e doam aos bombeiros para facilitar o resgate. E há psicólogos e assistentes sociais prestando apoio às pessoas que ainda aguardam informações sobre seus parentes. Abastecimentos de água, luz e gás estão sendo cortados no quadrante do prédio e afetam propriedades do entorno. Como a causa do desabamento ainda é desconhecida, a medida é necessária para evitar novos sinistros.
Pistas sobre o desabamento
Um vídeo mostra que as vigas de sustentação do edifício do Dionísio Torres estavam deterioradas, com rachaduras nas colunas. Segundo a Prefeitura de Fortaleza, não há registro formal de obras no prédio. O presidente do CREA-CE, Emanuel Maia Mota,, no entanto, afirmou que uma obra havia sido iniciada há alguns dias no local.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT) afirmou em nota publicada nas redes sociais que determinou o uso de “toda força operacional dos Bombeiros, Samu, Polícia Militar, Defesa Civil e todos os órgãos estaduais” para auxiliar no socorro às vítimas. Santana estava em Brasília e disse que está voltando para Fortaleza para acompanhar o resgate.
Há cerca de quatro meses, outro prédio desabou parcialmente em Fortaleza, no bairro Maraponga. Na época, 16 famílias que moravam no local foram evacuadas porque havia risco de o edifício desabar completamente. Neste caso, um laudo emitido por um engenheiro dois dias antes do incidente afastava risco de desabamento. Esse edifício havia sido construído sem alvará, e o caso ficou sob investigação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (CREA-CE).
A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou em 2012 uma lei com as normas para a inspeção predial na cidade, mas a Prefeitura nunca chegou a regularizar essa lei. Em entrevista, o prefeito Roberto Claudio falou da necessidade de uma apuração rigorosa do desmoronamento, mas minimizou qualquer relação entre a regularização da lei com os incidentes.
“Os imóveis são privados. A inspeção não precisa ser lei. São responsabilidades de manutenção que todos nós temos. O mais importante papel da Prefeitura neste caso é garantir que as obras tenham tido licença, alvará e habite-se (auto de conclusão da obra) e dá-los só se elas tiverem condições adequadas”. O prefeito evitou comentar a situação do edifício que desmoronou por não saber se ele tinha o alvará e os licenciamentos necessários. “Não temos ainda informações a dar. Tudo agora é especulação. Eu não quero comentar sobre especulação”, afirma.
*Com informações do El País*