As mortes de mais de 100 botos cor-de-rosa e tucuxis – espécie de golfinho de água doce – no Lago Tefé (a 523 quilômetros de Manaus), serão alvos de investigação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo a entidade, há fortes indícios de que a seca histórica dos rios e a temperatura das águas na casa dos 39ºC estejam ligadas à mortandade.
O número de mortes de botos é consolidado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que atua na região.
A ONG lançou um alerta à população que mora nas proximidades do Lago Tefé para evitar o contato com as águas do lago e o uso recreativo por causa do risco de contaminação por conta dos animais em decomposição.
A catástrofe ambiental no Amazonas está relacionado ao fenômeno El Niño, que, em outubro, deverá provocar mais chuvas no Sul e diminuição das precipitações no Norte e Nordeste. Ou seja, há grandes chances de novas enchentes no Rio Grande do Sul e uma piora no quadro — já grave — de seca no Amazonas. Os botos atuam como sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a ser afetados com mudanças provocadas no ambiente.
O ICMBio monitora os animais ainda vivos, busca e recolhimento de carcaças, coletas de amostras para análises de doenças e da água e “monitoramento das águas do lago, incluindo a temperatura da água e batimetria dos trechos críticos”, segundo nota oficial.

No domingo (1º), a prefeitura de Tefé, o ICMBio e a Defesa Civil fez uma ação emergencial para a retirada dos animais ainda vivos do lago. Um levantamento da Defesa Civil do Amazonas indicou que, até segunda-feira (2), 21 municípios do estado estavam em situação de emergência, outros 37 em alerta e dois em atenção.
O governo projeta que, devido a influência do fenômeno El Niño, a estiagem venha a afetar mais de 50 municípios e 500 mil pessoas.