Trabalhadores da educação da rede estadual pública do Amazonas aprovaram, na manhã desta sexta-feira (2), a proposta de reajuste salarial de 15,19% que, segundo eles, foi apresentada por representantes do governo na última quarta-feira (31). A reunião ocorre um dia após o governador do estado, Wilson Lima, anunciar que concederá apenas 8% aos servidores.
Os trabalhadores decidiram que levarão a pauta aprovada nesta sexta-feira à audiência de conciliação convocada para segunda-feira (5) pela desembargadora Joana Meirelles. Na reunião, a magistrada pretender ouvir representantes do governo e do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) para decidir sobre a legalidade da greve.
“A Justiça não está do nosso lado, mas lá vamos entregar o resultado daqui e dizer que nós aprovamos os 15,19% proposto na mesa que o governador encerrou sem nos consultar”, disse a presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues. “A mesa não fechou, ele [governador] é que tem que honrar a palavra dele”, completou.
Os trabalhadores decidiram ainda pressionar os deputados que participaram da última rodada de negociação, na qual foi proposto o reajuste salarial de 15,19%, para que confirmem esse percentual oferecido. Representantes do Sinteam disseram que integrantes do governo não formalizaram a proposta sob alegação de que havia “pessoas da fé pública” no encontro.
Segundo Ana Cristina, a reunião teve a participação dos deputados Felipe Souza, Joana Darc, Débora Menezes, João Luiz e Rozenha. “Vamos chamar as pessoas da fé pública que estavam presentes porque quando este comando pediu um documento escrito foi dito para nós: ‘aqui tem pessoas da fé pública’. Elas também tem responsabilidade com essa atitude do governador”, disse.
Os professores aprovaram o “estado de greve”, no qual eles retornarão às salas de aula a partir de segunda-feira, mas ficarão em alerta, podendo retomar a paralisação se for necessário. A medida é uma resposta à decisão do governo de contratar imediatamente professores selecionados através de PSS (Processo Seletivo Simplificado) para substituir os temporários em greve.
Na assembleia da categoria nesta sexta-feira, Ana Cristina Rodrigues disse que integrantes do próprio sindicato gravaram e vazaram áudio de uma reunião fechada realizada após a rodada de negociações na quarta-feira. “Eu fechei a reunião no sindicato e, no caminho de casa, áudios da reunião completa estavam em todos os grupos”, afirmou a presidente do Sinteam.
Em razão da atuação do que chamou de “olheiros”, Ana Cristina propôs a elaboração de um “calendário de lutas” que começa nesta sexta-feira. Um ato ocorrerá na terça-feira (6), mas o ponto final não foi revelado. “Do ponto de encontro vamos dirigir ao local do nosso ato que não vou dizer aonde é”, disse a presidente do Sinteam.
A medida anunciada pelo governador na quinta-feira é diferente da proposta que o sindicato alega ter recebido na quarta-feira. Segundo o Sinteam, o governo havia oferecido 15,19% de reajuste, mas escalonado, sendo 8% de imediato, outros 3% em outubro deste ano e o restante (4,19%) só em maio de 2024.
A decisão do governador anunciada nesta quinta-feira é de reajuste de apenas 8%, com pagamento retroativo a março deste ano. Ele também garantiu outros benefícios, como o aumento de 18,42% do valor do auxílio-transporte, saindo de R$ 167,20 para R$ 198, e duas mil progressões verticais para professores e pedagogos da rede estadual de ensino.
Ao anunciar a decisão, Lima alegou existir um “movimento político desse grupo que se diz representar os professores”. “Todos que fazem parte desse movimento estão ligados a político-partidários. Quanto mais tempo prolongar a paralisação, mais tempo na mídia. Tudo bem promover a imagem deles, o que não podemos é prejudicar os alunos”, disse o governador.
Ana Cristina classificou o posicionamento do governador de “chateação” por ser chamado de autoritário. Segundo ela, o reajuste de 15,19% era “ponto pacífico”, mas na reunião ocorrida no sindicato os professores “extravasaram” e disseram que o governo era “de certa forma ditador e autoritário”. Essas conversas foram gravadas e vazadas.
*Com informações do site Amazonas Atual