Professores ignoram decisão judicial e deflagram greve no AM

Com cartazes que exibiam a palavra “greve”, os trabalhadores protestaram contra a decisão do desembargador Domingos Chalub, do Tribunal de Justiça do Amazonas, que proibiu a paralisação

Reprodução/Facebook

Mesmo após decisão judicial que proibiu a greve de professores no Amazonas, os trabalhadores da educação decidiram paralisar as atividades na manhã desta quarta-feira (17). A decisão por manter a greve ocorreu em frente à Assembleia Legislativa.

Os professores reivindicam a reposição salarial dos anos de 2020, 2021, 2022 e 2023, o aumento do vale alimentação, do auxílio localidade e as progressões por titularidade e tempo de serviço desde 2018. Segundo os educadores, a defasagem salarial é de 25%.

“Não é de nosso agrado estarmos aqui. É de extrema necessidade. Nosso salário já foi o terceiro melhor a nível nacional. Tentamos por 10 vezes ser recebidos por alguma autoridade, mas não nos receberam. Queremos que o governador [Wilson Lima] deixe os professores trabalharem com uma remuneração justa”, disse Ricardo Almeida, professor da Escola Estadual Duque de Caxias, na Compensa, zona oeste.

Foto: Hudson Neris/ATUAL

Com cartazes que exibiam a palavra “greve”, os trabalhadores protestaram contra a decisão do desembargador Domingos Chalub, do Tribunal de Justiça do Amazonas, que proibiu a paralisação. O magistrado estabeleceu multa diária de R$ 30 mil por dia ao Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) por descumprimento da ordem judicial.

“O que a Justiça fez conosco a pedido do nosso empregador é um crime. A mesma Justiça que, hoje, marginaliza o ato dos trabalhadores não olha que os trabalhadores lutam para que uma lei seja cumprida. Portanto, o nosso repúdio a esse desembargador”, disse Ana Cristina Rodrigues, presidente do Sinteam.

“A nossa única tentativa de conversa, que foi intermediada pela Assembleia, foi em 8 de março. Já tem dois meses e, de lá, nunca houve um retorno. Nós pedimos ajuda do Ministério Público do Trabalho e ele fez também uma tentativa de negociar, chamou a Seduc [Secretaria de Educação], mas nem a Seduc e nem o Governo do Estado mandou representante”, disse Vanessa Antunes, diretora financeira do Sinteam.

Os trabalhadores bloquearam o trânsito no trecho da Avenida Mário Ypiranga em frente à Assembleia Legislativa por várias vezes. Em um desses momentos, uma bombinha de São João foi jogada de dentro de um carro contra os manifestantes. Três suspeitos foram detidos e levados pela Polícia Militar.

A Sessão Plenária na Assembleia Legislativa foi suspensa e uma comissão do Sinteam entrou na Casa para propor acordo aos deputados.

“O que nos motiva é nossa perda salarial. Há três anos não temos o reajuste salarial. Dá 25% nos três anos que o governador não paga nem a inflação do período. Ano passado, foi 10%. Ele assinou com 9% em janeiro. A nossa data-base passou batido”, disse Antônio Edinelson, professor de geografia.

O sindicato entregou uma lista de frequência para colher as assinaturas dos professores que deixaram a sala de aula nesta quarta. Até o fechamento desta reportagem a manifestação não havia encerrado e nenhum acordo assinado. A Polícia Militar acompanha o protesto.

*Com informações do site Amazonas Atual