Sete pessoas morrem por falta de oxigênio em Coari

A Prefeitura de Coari responsabilizou o governo do Amazonas por não entregar a tempo cilindros que estariam destinados ao município

Sete pessoas morrem por falta de oxigênio em Coari

Sete pessoas internadas com covid-19 no Hospital Regional de Coari, distante 362 quilômetros de Manaus, morreram por falta de oxigênio nesta terça-feira (19), informou a prefeitura, que responsabilizou o governo do Estado por não entregar a tempo cilindros que estariam destinados ao município.

Em nota, a Prefeitura de Coari acusa o governo estadual de irresponsabilidade no tratamento com a situação de saúde no interior.

“Desde a semana passada, em torno de 200 cilindros do Hospital Regional de Coari estão retido pelo patrimônio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. A maioria aguardando abastecimento, enquanto outra parte foi distribuída para Unidades Básicas de Saúde da capital”, informou a prefeitura em nota.

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Segundo a prefeitura, o governo informou o envio de 40 cilindros na segunda-feira, mas o voo passou, pousando diretamente em Tefé e voltando a Coari apenas às 7h desta terça. O Hospital tinha oxigênio suficiente apenas até as 6h.

A empresa White Martins, fornecedora de oxigênio hospitalar no Brasil que possui uma planta de produção em Manaus, reforçou em nota que a ‘responsabilidade da distribuição dos cilindros de oxigênio no interior do Amazonas é do governo estadual’.

No comunicado oficial, a White Martins afirma que  vem entregando diariamente e de forma prioritária a quantidade de cilindros solicitada pela Secretaria de Saúde do Amazonas no Centro de Distribuição do governo estadual em Manaus, sem atraso. “A empresa lamenta o ocorrido e, apesar dos desafios logísticos da região, segue dedicando todos os esforços para fornecer a maior quantidade possível de oxigênio para a região”, finalizam em nota.

Apesar da distância não tão longa de Manaus, Coari só é acessível por avião ou em uma viagem de dois dias de barco. O sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso com um forte aumento de casos de covid-19 e das internações causadas pela doença.

Em Manaus, o oxigênio nos hospitais acabou no dia 14. Seis dias antes o Ministério da Saúde foi avisado do risco da falta de oxigênio em Manaus e começou a preparar o envio de cilindros dois dias depois, mas a resposta foi lenta e em escala abaixo do necessário.

Governo do Amazonas se pronuncia

Após a divulgação das mortes e a declaração da Prefeitura de Coari responsabilizando o governo do estado, uma nota oficial foi emitida se pronunciando sobre o caso. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) por opção do município o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão plena da Prefeitura Municipal. ‘Ainda assim, o Governo do Estado nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio’, disse trecho da nota.

O pronunciamento ressalta, ainda, que ‘entre repasses federais e estaduais para investimento em saúde em 2020, Coari recebeu R$ 17,8 milhões. Somente do FTI, foram R$ 2,3 milhões’

Confira a nota na íntegra:

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) lamenta o ocorrido no município de Coari. A SES-AM informa que, por opção do município, o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão plena da Prefeitura Municipal. Ainda assim, o Governo do Estado nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio.

Nesta segunda-feira (18), por um atraso por parte da empresa White Martins em liberar os cilindros que seriam enviados de Manaus para Coari, não foi possível levar o oxigênio em voo direto, considerando que o aeroporto da cidade não opera à noite.

Para garantir que a cidade não ficasse desabastecida, por articulação da Secretaria de Estado de Saúde, os 40 cilindros foram enviados em voo para Tefé, para que de lá a carga fosse transportada de lancha para Coari.

A transferência dos cilindros de lancha para Coari foi alinhada com a cooperação da prefeitura de Tefé e, de acordo com a Secretaria Executiva Adjunta do Interior, da SES-AM (SEAI-SES/AM), houve um novo atraso na saída da lancha para Coari, o que contribuiu também para que a chegada do material não ocorresse no tempo necessário.

Entre repasses federais e estaduais para investimento em saúde em 2020, Coari recebeu R$ 17,8 milhões. Somente do FTI, foram R$ 2,3 milhões.

A SEAI-SES/AM destaca que nesse cenário de pandemia é fundamental a colaboração de todos os atores do Estado, inclusive dos gestores municipais.

O Estado do Amazonas segue empregando todos os esforços para equacionar a dificuldade de logística e de abastecimento de oxigênio da empresa White Martins. Ao mesmo tempo em que está unindo esforços para transportar cilindros de oxigênio para todo estado.

As entregas e envios seguem ocorrendo diariamente para os municípios do interior, seja por envio terrestre, aéreo ou em retirada pelos municípios na sede do patrimônio da SES, localizada na Central de Medicamentos.

 

 

*Com informações do UOL*