Mauro Cid revela que Bolsonaro consultou Forças Armadas para dar golpe de Estado

A ideia seria impedir a troca de governo.

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro revelou em delação premiada à Polícia Federal, que o ex-presidente teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas e os ministros militares do governo para discutir um suposto golpe de Estado logo após as eleições presidenciais em outubro do ano passado. A ideia seria impedir a troca de governo.

Na delação, Cid afirmou que participou da reunião com o então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, que entregou uma suposta minuta de golpe (que previa convocação de novas eleições e prisão de adversários políticos).

O tenente-coronel também afirmou que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Jair Bolsonaro que a tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente. Mas, o mesmo entusiasmo, não teria sido notado no comando do Exército que afirmou, naquela reunião, que não cumpriria a ordem e, assim, não embarcaria no plano.

De acordo com Mauro Cid, o então assessor especial Filipe Martins e um advogado constitucionalista tiveram a reunião com o ex-presidente no final do ano passado para apresentar a minuta de golpe. Cid, no entanto, disse não lembrar o nome do advogado.

A Polícia Federal investiga se a minuta de golpe é o mesmo documento que os agentes encontraram, em janeiro deste ano, na casa de Anderson Torres. O documento encontrado na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro determinava o decreto de um “estado de defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).