Sete Escolas de Samba abriram os desfiles do grupo especial na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, neste domingo, 23, às 21h30. A disputa da elite do Carnaval carioca começou com a Estácio de Sá, seguida pela Viradouro, vice-campeã do ano passado. Passaram pela avenida também a Mangueira, atual vencedora, a Paraíso do Tuiuti, a Grande Rio, a União da Ilha e a Portela
Estácio de Sá
A vermelho e branco conquistou em 1992 seu único campeonato com Paulicéia Desvairada, 70 anos de Modernismo no Brasil. A carnavalesca Rosa Magalhães, uma colecionadora de sete campeonatos por outras escolas, liderou a concepção do enredo Pedra, uma representação da permanência do tempo e também sobre a beleza a origem e a beleza das pedras.
Unidos da Viradouro
Uma das onze escolas a escolher um samba-enredo engajado, a Unidos do Viradouro, vice-campeão no ano passado após ter subido da Série A em 2018, foi a segunda agremiação a desfilar no Sambódromo Fluminense. A escola de Niterói, na região metropolitana do Rio, falou, no enredo Alma Lavada, sobre a vida das ganhadeiras de Itapuã, mulheres escravizadas até o final do século XIX e símbolo de resistência.
Mangueira
Sob os gritos de “é campeã”, a Estação Primeira de Mangueira foi a terceira escola a desfilar no Sambódromo do Rio neste domingo 23, e acabou aplaudida de pé ao ser anunciada. Com grande expectativa do público e da crítica, a campeã de 2019 busca a liderança com o samba-enredo A Verdade vos Fará Livre, com aspectos da vida de Jesus.
O desfile figurou um Jesus mulher e outro negro, com sua biografia como se tivesse nascido em uma comunidade carioca. A escolha foi aprovada pelo público. “Jesus também é Carnaval, apesar de o nosso prefeito achar que não. Estou completamente de acordo com o enredo. A gente vai vencer com o amor ao próximo”, disse o carioca Carlos Arcanjo, de 28 anos, que também assina embaixo do trecho “não existe messias de arma na mão”.
Paraíso do Tuiuti
Com o enredo O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião, a azul e amarelo do Morro do Tuiuti homenageou o padroeiro do Rio de Janeiro em desfile que começou com atraso. O enredo tratou da ligação entre o mártir venerado por religiões cristãs e de matriz africana com o lendário rei de Portugal, tratado com reverência em terras lusitanas. O carnavalesco João Vitor Araújo, que esteve à frente de escolas da Série A, teve a responsabilidade de desenvolver a canção.
Grande Rio
A vermelho, verde e branco de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vem perseguindo o título há muito tempo e, neste ano, renova as esperanças com Tata Londirá – O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxia. O enredo, contra a intolerância religiosa, faz homenagem a Joãozinho da Gomeia.
União da Ilha
A azul, vermelho e branco da Ilha do Governador, a sexta a entrar na passarela do samba, costuma fazer desfiles descontraídos e empolgados. Neste ano, passou na avenida com um enredo de nome comprido: Nas encruzilhadas da vida; entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: Salve-se quem puder. Os carnavalescos são os experientes Fran-Sérgio, que por muitos anos esteve na Beija-Flor, e Cahê Rodrigues, que veio da Grande Rio e da Imperatriz Leopoldinense.
Portela
A azul e branco de Madureira e Oswaldo Cruz, escola do Rio com o maior número de títulos (22), encerra o primeiro dia de desfiles e traz o enredo Guajupiá, Terra Sem Males, uma crítica ao homem que não soube dar valor às bênçãos criadas por Monã, o deus dos Tupinambás.
Os carnavalescos Renato e Márcia Lage, experientes no Grupo Especial, estreante na Portela com enredo que tem muita relação com o meio ambiente. A escola tradicional do carnaval do Rio mostra o nascimento de um tupinambá, com seus ritos e tradições que deveriam garantir bons presságios. O berço em estilo de rede, ornamentado com unhas de onça e garras de águia, foi elaborado com a intenção de que nada de mal lhe acontecesse. Tudo acontece na Karióka, que conforme o texto de apresentação do enredo, é a lendária taba tupinambá, erguida ao lado da “paradisíaca baía de kûánãpará”, o seu Guajupiá. Depois, conhecida como Baía de Guanabara.
O enredo diz ainda que “os tupinambás acreditavam que o homem tinha duas substâncias essenciais: uma eterna e outra transitória e ambas, o corpo e a alma, estavam ligadas”. A sabedoria era dos mais velhos que tinham a responsabilidade de repassar “oralmente as histórias, o saber, e as orientações do que deveriam fazer, aos ainda jovens, em cada fase de sua vida”. A canção questiona ainda o que o homem fez do seu Guajupiá.
*Com informações da Veja.Com