O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou neste domingo (23) ter vontade de agredir um repórter do jornal O Globo.
Bolsonaro estava visitando a Catedral de Brasília quando foi questionado pelo jornalista sobre os depósitos feitos pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
“Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”, respondeu o presidente.
Leia mais: Em pronunciamento, Bolsonaro diz que ‘algumas autoridades destruíram o emprego’
Após a reação de Bolsonaro, outros repórteres que estavam no local perguntaram ao chefe do Executivo se aquilo se tratava de uma ameaça. O presidente não respondeu aos questionamentos e deixou o local logo em seguida.
Depósitos na conta da primeira-dama
A informação sobre depósitos feitos por Fabrício Queiroz e a esposa, Marcia Aguiar, foram revelados pela revista Crusoé. De acordo com o veículo, foi repassado um total de R$ 89 mil à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Veja também: Justiça revoga liminar e manda Queiroz de volta para prisão
A reportagem teve acesso à quebra de sigilo bancário do ex-assessor, autorizado pela Justiça. Extratos bancários de Queiroz mostram que foram depositados 21 cheques na conta de Michelle, entre 2011 e 2016, totalizando R$ 72 mil.
Em dezembro de 2018, o Ministério Público do Rio de Janeiro, afirmou que, com base em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Queiroz havia depositado cheques no valor de R$ 24 mil na conta da primeira-dama.
Na época, o presidente Jair Bolsonaro disse que o valor fazia parte de um empréstimo feito ao ex-assessor, que os depósitos eram parte do pagamento dessa dívida e que o valor total chegava a R$ 40 mil.
“Não foi por uma, foi por duas vezes que o Queiroz teve dívida comigo e me pagou com cheques. E não veio para a minha conta esse cheque, porque simplesmente eu deixei no Rio de Janeiro. Não estaria na minha conta. E não foram R$ 24 mil. Foram R$ 40 mil”, explicou o presidente.
Os documentos obtidos pela Crusoé divergem da versão do presidente, uma vez que não constam depósitos em nome de Jair Bolsonaro na conta de Queiroz.
Rachadinha
O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga Flávio Bolsonaro, suspeito de chefiar um suposto esquema conhecido por rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
No esquema, funcionários do então deputado estadual Flávio devolviam parte do salário para que o dinheiro fosse lavado por meio de uma loja de chocolate e investimento em imóveis.
De acordo com as investigações, Fabrício Queiroz era o operador financeiro do esquema, sendo responsável por receber o dinheiro e fazer pagamentos a fim de cobrir despesas de Flávio.
Segundo a Crusoé, entre 2007 e 2018, os créditos na conta de Queiroz totalizaram R$ 6,2 milhões.
O ex-assessor foi preso no dia 18 de junho, em Atibaia, interior de São Paulo. Ele e a esposa cumprem prisão domiciliar em razão da pandemia do coronavírus.
Os dois têm de usar tornozeleiras eletrônicas e não podem ir além da varanda do apartamento.
*Com informações do Metrópoles*