Nomes escolhidos para compor grupo de transição dos Povos Originários causa racha no PT

O próprio Partido dos Trabalhadores (PT) parece não estar satisfeito com o número de representantes no segmento.

A nova composição de nomes escolhidos para fazer parte do grupo de transição voltado aos Povos Originários tem causado um clima de tensão entre correligionários do PT.  Após a manifestação formal da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), pela ausência da entidade nos grupos de transição, agora, é o próprio Partido dos Trabalhadores (PT) que parece não estar satisfeito com o número de representantes no segmento.

O coordenador do setorial nacional de assuntos indígenas do PT, Romeu Vasconcelos Tariano, divulgou uma nota pública criticando a escolha do líder indígena do Rio Negro, Marivelton Barroso. Romeu Tariano afirma que o líder indígena além de não ser do PT, também era pró-Bolsonaro durante os últimos quatro anos.

O diretor-presidente da Federação dos Povos Indígenas do Rio Negro (Foirn) e membro da Rede Sustentabilidade, Marivelton, do povo Baré, é um dos nove nomes do Amazonas a compor a equipe de transição.

“Fomos totalmente ignorados pela equipe de transição que nomeou para participar do GT dos Povos Originários o senhor Marivelton Baré que, embora seja da região, não apoia o Partido dos Trabalhadores e sequer fez campanha para a eleição do presidente Lula”, afirma Romeu Vasconcelos.

Apesar do desabafo , a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) manifestaram apoio à indicação do presidente da Foirn à equipe de transição.

Porta-voz legítimo

Em nota, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), que representa 23 povos indígenas e 750 comunidades nos municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, destaca o papel de Marivelton Baré e sua trajetória.

“Marivelton Baré é liderança, representante e porta voz legítimo do movimento indígena do Rio Negro, integrante da Rede Sustentabilidade, em defesa dos direitos coletivos e socioambiental dos territórios e oposição ao governo Bolsonaro. Além de liderança indígena, vem lutando sempre contra a violação de direitos locais e regionais contra invasão e garimpos ilegais, defendendo os direitos coletivos dentro do território. Portanto, a representatividade de Marivelton é diferente de um poder executivo municipal, visto não termoss vínculos de barganha política para alcançar projetos”, diz a nota de esclarecimento da Foirn.