Um peso, duas medidas: pau que dá em Witzel não dá em Lima

Por outro lado, a história tem sido bem diferente no caso de Witzel que é inimigo declarado do presidente. O governador do Rio foi afastado do cargo

Um peso, duas medidas: pau que dá em Witzel não dá em Lima

Dividem o mesmo partido político – PSC; estreantes no cenário com vitória nas eleições de 2018 e agora alvos de investigação por fraudes em compras emergenciais para enfrentamento da pandemia de covid-19. Essas são algumas coincidências entre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e o do Amazonas, Wilson Lima. No entanto, elas param por aí.

É o que aponta o site O Antagonista, em uma publicação intitulada “Aos inimigos, a lei”, feita nessa sexta-feira (18). A reportagem afirma que “pau que dá em Witzel não dá em Wilson”.

Aparentemente Lima tem nutrido uma boa relação com o clã Bolsonaro, sendo inclusive prestigiado pelos filhos do presidente da República, Eduardo e Flávio, que estiveram na capital amazonense para acompanhar às obras de expansão do Centro de Convenções Vasco Vasques, na zona Centro-Oeste de Manaus. O evento ocorreu na sexta.

Por conta desse laço político, o governador do Amazonas vem sendo poupado no caso e tem tido um tratamento diferenciado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por parte da subprocuradora Lindôra Araújo que é responsável pelas investigações do “Covidão” na Corte. Ela é apontada como próxima a família Bolsonaro.

Tanto que em junho deste ano, a Polícia Federal (PF) pediu a prisão de Wilson Lima, e também o afastamento do mandato, por conta da investigação de desvios na compra de respiradores para saúde pública do Estado. Mas a subprocuradora blindou o governador e negou o pedido, sendo seguida pelo ministro-relator Francisco Falcão.

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“Não se justifica a imprescindibilidade da decretação da extraordinária medida cautelar de privação de liberdade do chefe do Executivo estadual ao menos neste momento”, justificou Falcão em seu despacho.

Na ocasião, o ministro do STJ autorizou buscas em imóveis do governador tanto em Manaus quanto em São Paulo e na sede do Governo do Estado. A ação da PF batizada de ” Operação Sangria” resultou na prisão temporário de oito pessoas ligadas à Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam), entre elas a então secretária da pasta, Simone Papaz.

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Uma semana depois, Papaiz foi exonerada do cargo junto com o procurador-chefe da Superintendência Estadual de Habitação (Suhab), João Paulo Marques; e da gerente de compras da Susam, Alcineide Figueiredo Pinheiro, também envolvidos na investigação.

Já Wilson Lima se manifestou sobre as acusações em um vídeo publicado nas redes sociais, onde afirmou que “está tranquilo e na certeza de que esses fatos serão logo esclarecidos”. Ele também negou qualquer prática ilegal durante a pandemia da covid-19.

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Por outro lado, a história foi bem diferente no caso de Witzel que é inimigo declarado do presidente da República. O governador do Rio foi afastado do cargo e chegou a ter sua prisão solicitada por Lindôra. Ele só não foi preso por conta do ministro Benedito Gonçalves, que negou o pedido.

Agora, o destino de Witzel será decidido na próxima quarta-feira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, ocasião em que a Casa decidirá sobre o pedido de impeachment contra ele. Na última quinta (17), os 24 deputados presentes aprovaram o relatório favorável ao afastamento do governador.